Se com o dom das palavras tivesse o dom de esquecer.
Se ao descrever um sentimento este ficasse no papel.
Se de tudo errado a solução fosse deixar pra lá.
Se de mil amores eu só amasse quem sabe amar.
Se o simples fosse fácil de conseguir.
Se todas as dores eu pudesse sarar.
Se assumisse os segredos do meu coração.
Se por vaidade eu mudasse os desejos da minha intenção.
Se por milagre eu derretesse a frieza do seu olhar.
Se não existisse o tormento de cartas marcadas, predestinadas, que não da para mudar.
Se eu fosse feliz ficando onde quero estar.
Se no fundo eu soubesse me entender.
Se eu pudesse chorar tudo que sinto por você.
Se fosse nada como a poeira me deixasse aspirar.
Se soubesse perder mudando cartas que não quero jogar.
Se eu mudasse a vida para não morrer.
Se ao somar dois eu ficasse com um.
Se ao chorar minhas dores eu deixasse de sentir.
Se na luta vencida eu vencesse outra vez.
Se não tivesse partido ou na contra mão.
Se sem ódio ou remédios, culpas ou medos a se esconder.
Se ao cansar da subida mostrasse a ferida obtendo-se o perdão.
Se a vida fosse um ser o que seria de mim.